sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

O sapo

Um coacho rompe o silêncio que envolvia o garoto naquele cômodo.
O garoto estranhou o fato dos móveis coacharem. Procurou de onde vinha o som, e encontrou em cima da mesa de centro a gaita de fole o encarando enquanto coachava.
Fixou seu olhar e só então pode ver que a gaita foi substituida por um sapo inexplicavelmente.
Um sapo. Um sapo azul de papo branco.
Enquanto coachava seus olhos expandiam e contraiam como se fossem seu papo.
O garoto esticou o braço para tocá-lo, mas não conseguiu ao menos apalpá-lo de leve, e então escorou-se a frente do anfíbio para melhor enxergá-lo.
- O que pensa que está fazendo? - disse o sapo sem a necessidade de mover seus lábios.
O garoto espantado tenta lhe responder, porém o único som que consegue reproduzir é similar ao de uma corneta.
- Vamos me diga, o que pensa que está fazendo ai em cima? - acrescentou o sapo.
O garoto mal havia se dado conta, mas encontrava-se próximo ao teto, sentiu sua perna formigar e notou que as pernas estavam envoltas em chamas fluorescentes. Com a ajuda das mãos apagou as chamas de suas pernas e desceu bruscamente ao sofá. Tornou a encarar o sapo e notou que ele trajava uma mini capa, em sua perna direita havia um cetro e em sua cabeça uma coroa.
- Pare de me olhar! Não faça tanto barulho! - berrou o sapo. O garoto com um semblante de espanto encara por mais uma vez o irado sapo. Neste momento um turbilhão de coachos inunda o cômodo. Num instante, o silêncio torna a reinar nos ouvidos do garoto, que começa a gargalhar disparadamente. Estava feliz. Feliz porque percebeu que na realidade ele era o próprio sapo. Riu, riu e riu - assim dess forma incessante- até desacordar e deixar para trás apenas a cartela vazia em seu peito, e uma carcaça inerte ao sofá.

Nenhum comentário:

Postar um comentário