terça-feira, 30 de novembro de 2010

Pequena.

Pequena, da meiguice inerente,
e do ar de gracejos,
apertados são seus abraços,
e demasiadamente doces os seus beijos.

Pequena minha, da pele morena,
e do sorriso reconfortante,
me perco em sua voz tão serena,
entrego-me à ti não obstante.

Pequena, que me felicita,
e me atiça os mais obscuros desejos,
que me envergonha quando carinhosamente me fita,
permita-me, princesa, realizar seus realejos.

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Dependência

Não por volúpia, tampouco por clemência,
deve-se tão somente ao acaso.
Ilibado por essência, e excelso,
tão quente que, em sua presença transpiro.
O amor, penso eu, sempre se faz presente,
e tudo o que dizem a respeito da inexistencia deste sentimento são falácias,
posto que o amor está mesmo naquele suspiro irado, repleto de mil intenções.
O que existe, ou deixa de existir, são os crentes no amor,
aqueles que se rendem a sua pressão, e tornam-se apaixonados,
e outros tantos que não se permitem sentir, e vivenciam uma sobrevida ilusória.
Se ser fraco quer dizer tornar-se dependente daquilo que se sente, então sou gladiador caído,
que há tempos rendeu-se ao coração, e deixou de sintetizar padrões emocionais.
Prefiro não ser forte como tantos se dizem, prefiro não depender somente de mim, ainda que às vezes, estar sozinho me traz certo repouso, contudo, sobre tudo é o amor, e a vivacidade em ser dependente de alguém que nos faz sentir o quão felizes podemos ser, ao nos rendermos às nossas fraquezas.

domingo, 21 de novembro de 2010

Farol

Envolto em meus pensamentos, sou pego por toda a incertidumbre acerca de minha existência.
Se ter de durmir menos que outrem me emputece tal qual receber ordens, quiçá não receber os devidos méritos por todo o meu esforço.
Me pergunto se este tal esforço não seja invenção da minha cabeça, bem como os monstros que habitavam debaixo de minha cama enquanto criança.
Será mesmo que mereço tamanhos os méritos? Ou será que careço destes mimos e atenções que ora são desviadas?
Seria eu egoísta ao reclamar que tenho de me esforçar triplamente por tudo o que quero, havendo pessoas que queiram somente poder andar, e são limitados pelo próprio corpo?
Destas tempestades em copos dágua estou disposto a me livrar, se deste cansaço e desta pressão alguém me livrar.
Tudo que quero é ser um farol para aqueles que, enquanto perdidos tenham um rumo para seguir. Não confunda esta posição de farol, com a posição de deuses, de longe não mereço ser beatificado, entretanto, meu ego exige ser parcimoniamente exaltado.
Minhas mais sinceras desculpas à aqueles que em mim depositaram sua fé, pois eu falhei.
E enquanto à mim?! Eu quase me perdi...

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Cuidado homem.

Cuidado homem, não creia que você possa pensar o que quiser.
Guarde para si estes seus sentimentos e opiniões,
policie-se, ao acordar e em tudo o que fizer,
esconda-se de você mesmo, neste mar de supressões.

Não demonstre, ou disfarce n'algum dialeto,
Cuidado homem, não tarda e eles chegam,
tornando-o em lamúrias, ou te findam em um saco preto,
logo, não pense o que quiser, pense o que pensam.

Não mais me prolongarei nesse aviso,
ou mesmo eu serei vetado do pouco que temos,
então quando partir, force um sorriso,
e finja que não exista nada para temermos.

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Doravante, brindarei

Doravante brindarei as minhas efémeras conquistas, e não mais me perturbarei com todas aquelas derrotas contundentes.
Brindarei esta Lua, esta massa negra, e porque não, todo este vazio que fica, quando você vai?!
Brindarei cada sentimento que tenho, mesmo os mais malévolos, pois apesar dos pesares, ainda tenho muito com que sentir.
Brindarei sua boca, seu abraço e sua perna enroscada na minha.
Se outrora agia feito parcialidade numa penumbra, hoje saúdo por ter me feito um completo cretino, um completo amante, e um completo amado. Fez daquele simplório garoto, com toda aquela tormenta aortada, num completo pensador.
Se hoje sou completo, é porque me completa. Se hoje brindo, é porque me deu motivos para brindar - mesmo em meio à tanta desventura decorrente, que fere minh'alma feito agulhada certeira no globo ocular.
Não mais dependo de meus óculos para aguçar a minha visão, contudo, dependo única, estranha, e extremamente de ti, desse seu olhar, dessa sua lábia, dessa sua voz rouca, e de tantos outros predicados que me tomariam deveras linhas destas transcrições.
Hoje brindo a nós, ao meu antigo eu, ao meu novo eu. Hoje brindo à você, por nosso encontro tardio, mas regulado, casual, todavia duradouro.
Hoje brindo pela perpetualidade de nossos sentimentos, e não por nossos efémeros atritos.
Confesso, que brindaria tantas fossem as taças, simplesmente para que você não sumisse ao perceber que nada seria sem você.
Doravante, pretendo exprimir à ti o meu amor, e as pedras o meu ódio. Hoje brindo à você dentro de mim, e ao meu eu, que tu criaste.

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Despir

Eu sempre chego atrasado, e demasiado é meu sono,
e mesmo que não transpareça, sofro quando a desdenho,
sabes que não sou de todo errado, e sei que não sou seu dono,
perdoe-me se em ti descarrego minha ira, e não o amor que tenho.

A saudade chega sempre em péssimas horas,
se é que de fato a saudade venha a calhar em algum momento,
não me peço pra sumir, mas sei que o fazendo, tu choras,
e outra vez o meu amor se confunde em outro sentimento.

Se escrever é sinônimo de sentir,
e vitimar implica ser o vilão,
destes trajes literários prefiro me despir,
a mais uma vez lhe ferir o coração.

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Guerra.

Pavor, de tão forte a alma geme,
entendo o porque de todos os que beberam,
e perdido por onde quer que vá o leme,
finjo respeitar biografias daqueles que morreram.

A dor eu não entendo, mas sinto apertar,
e enquanto buscarmos fortaleza em conflitos,
desnecessariamente, vidas iremos descartar,
e estes, tornar-se-hão frutos do mito.

Um mito, perpetuado, e cegamento seguido,
que diz que, pelo sangue é que se ganha,
mal percebem que, a chuva carmesim e o estampido,
demonstram que na guerra, a vida é uma barganha.

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Confissão

Antes que a noite emerja, e que torne-se tardia estas ações,
devo confessar-te, ainda que em risco ponha minha integridade,
sou todo seu, até que se atravanquem as minhas paixões,
e então sobre somente a volúpia, o espelho e a minha idade.

E saiba você, que dar-te-ei o meu amor de todo o bom grado,
que por todas que sejam as palavras, salvo as falácias,
eu entoe com ar bravio e impetuoso, e não amedrontado,
o amor que espero com o relógio, e sinto em todos dias.

Sou adicto por você, e sinceramente só sei te querer,
ajo como se nada soubesse, mas como quem muito lhe quisesse,
e tudo porque, não consigo, não com palavras expressar o tal arder,
que queima em meu peito, mas queima sem doer.