quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Platônico

Todos os dias eu te olho nos olhos, mas para você eu sou invisível.
Incessantemente ouço sua voz, mas você não consegue ouvir o que lhe digo.
Conheço sua história, porém você ao menos conhece parcela de minha vida.
É capaz de distribuir a sua atenção a tantos ao mesmo tempo, entretanto nunca esteve presente quando precisei.
Sei dos teus gostos, a cor do seu cabelo, sua altura e sua personalidade, quando você sequer sabe meu nome.
Você é tudo que sonhei, mesmo que em sonhos nunca tenha estado comigo.
Sou eu quem sempre corre atrás de você, e para você indifere se estou presente ou não.
A beleza. O dom. A irreverência. A fama.
O comum. O sonhador. A irreverência. O anonimato.
Sobretudo, mesmo com tantos empecilhos surge o carinho, a admiração e por fim, o amor

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

A dança eterna

Que estraçalhem-se aos montes os pedaços que hão de voar de minha carcaça perecível e imunda.
Que voem e alcance os mais íngremes montes os meus pensamentos para que todos entendam o que é degradação.
Que torne-se aguda a voz em minha cabeça e que eu ensurdeça de vez para não mais ter que ouvir mentiras deste mundo.
Que se rompa a minha corda vocal ao gritar o mais alto que puder para expelir todo o ódio em mim implícito.
Que meus olhos deixem de fazer sua função, para que eu possa me conformar com toda a escuridão que sentir.
Que meu olfato seja menos aguçado para não ter que sentir o cheiro do enxofre, ao aproximar-se de mim a dama de capuz negro empunhando uma longa e afiada foice.

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Nada

Estereotipar é limitar. Estar apto para absorver o conhecimento infinito requer que repudiemos todos os rótulos que ao longo da vida nos são encabidos.
Nós surgimos do nada, não possuimos um objetivo ao certo e nada nos foi imposto. Todas as regras e obrigações sejam elas cotidianas ou não, foram estabelecidas por nós mesmos. Escola, trabalho, e relacionamento são algumas das obrigações que tanto nos cansam, e ainda assim a seguimos cegamente sem necessidade ou mesmo não nos questionamos o por que de suas existências. Nós somos nada, e nunca seremos nada além disto. Passamos todo o tempo de nossas vidas simulando ser alguém, e em momentos deste trajeto nos deparamos com o novo, o desconhecido, e o pré julgamos como algo temível. O desconhecido nem sempre é bom, mas nunca devemos temê-lo. Destrave sua mente e expanda seus horizontes. Absorva o novo. Multacione-se. Seja um novo alguém a cada novo dia. Não limite-se a uma nomenclatura, seja você, mesmo que não seja nada. Não passamos de um conjunto perecível de carne, osso e pele, e por maior que sejam nossas conquistas materiais, nossos corpos hão de sucumbir as mãos da morte e por fim, nada carregaremos conosco. Entretanto, podemos nos perpetuar de uma única maneira. Nos perpetuamos ao compartilhar com o mundo nossos pensamentos, e mais do que isso, entendermos ideologias alheias e sobretudo respeitá-las, pois nada somos para julgarmos quais ideologias são corretas ou não. Nos tornamos alguém quando nos elevamos além da vida, e assim podemos estudar e conhecer o que existe no pós vida. Nada somos e isto independe de etnia, credo ou raça, somos mesmo um bando de nada. Nunca transpassaremos este estado se não possibilitarmos a nós e a quem nos cerca a compreensão social e humana - e também a sobrehumana - o monopólio de conhecimento é egoísta e presente em nossa sociedade, mas nem por isso ficaremos parados de braços cruzados esperando o calendário ou os tic-tac´s do relógio nos trazerem boas novas. Bem dizia Raúl - um ninguém que também veio do nada e tornou-se alguém póstumamente - é preferível ser uma metamorfose ambulante a ter aquela velha opinião formada sobretudo. Cabe a você determinar o caminho que irá trilhar, mas se realmente quer conhecer a graça da vida e o que existe além de nossa vã existência, conheça mais sobre você mesmo, conhecendo mais os outros, e entenda mais os porques de sua existência, não existindo como uma ideologia concreta e sim como uma metamorfose ideológica.

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Mundo

O que é mundo para você? Atente-se ao fato de que esta pergunta é dirigida a você, e não a algum dicionário.
As definições para mundo são tantas quanto as gotas de água do mar. Mundo da música, mundo da moda, mundo isso, mundo aquilo, e a cada dia mais pessoas isolam-se no seu próprio mundinho. O mundo é muito mais do que o Google descreve. As belezas naturais de nosso planeta são muito mais do que pixels numa tela de cristal liquido. O mundo é interativo. O mundo e plurissignificativo. Infelizmente, muitos não percebem o potencial deste mundo maior, abrigo de universos infinitos na mente de cada ser humano.
Se nos desligarmos um instante de nosso mundinho, e notarmos que existem tantas outras pessoas, com tantas outras qualidades, descobriremos que o mundo pode tornar-se ainda maior e mais belo quando interagimos com outras pessoas.
Encare da seguinte forma, são tantos outros mundos a serem explorados, que seria burrice nos isolarmos em nosso mundo.
Interatividade é a chave para o relacionamento. Relacionar-se é o segredo para desbravarmos mundos. Ouça alguém que necessite ser ouvido. Ajude quem precisar de ajuda. Fale com pessoas que ninguém converse, comece por aquele garoto isolado, que você passa por ele todos os dias e não faz nada como se ele não existisse. Comece uma infindável cadeia de relação e descobrirá enfim para que serve o mundo.

Amor, estranho amor

Quando não recíproco, torna-se sua decadência. Dentre todos os sentimentos, o amor é indubitavelmente o mais complexo, e também o mais incompreendido.
Quando amamos, a vida nos parece menos complexa, o paladar torna-se aguçado e nos tornamos uma amalgama de um ser totalmente vulnerável, porém inabalável.
Mesmo tão belo e vívido, o amor possui defeitos. O amor nos conduz ao apego, peça fundamental para o grande jogo da obsessão. Ao rompermos a barreira que separa o amor da obsessão, liberamos o conteúdo da caixa de Pandora, e tudo que nos extasiava hão de nos guiar para o ódio.
Amor e ódio. Divino e infernal. Saudável e insano. Cabe a cada um de nos tomarmos a decisão de quanto nos entregaremos ao sentimento do amor, policiando-se ao máximo para que a barreira que divide o ódio não seja rompida, e assim possamos amar de forma pura, gozando das felicidades que o amor nos presenteia com o coração sadio e acima de tudo com a mente sã.