sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Retorno

E hoje eu pude entender o porquê Deus não deu asas a cobra.
O ser humano é uma arma pensamente, mais nociva que qualquer veneno, tão selvagem quanto qualquer animal, e tão irracional quanto tudo que é inanimado.

Vi o lado mais frio da vida, pude sentir o cheiro da solidão, e quase sucumbi a insanidade, porém meus pensamentos não sobrepõem o plano de Deus em minha vida.

Passei pelas vacas magras e só então pude compreender que são exatamente nesses dias que um uma cobra com asas pode intensificar seu pavor pelo mundo. Um ser humano é capaz de destruir até mesmo a alma de uma pessoa, mas Deus a reconstroi.

Sofri, mas aprendi que tudo é passageiro, e a evolução eminente e constante.

Cheguei de minhas férias, e sou sem dúvida um novo Eliézer !

Hard War

Em uma galáxia distante, precisamente no planeta keyboard, iniciava-se uma árdua batalha entre scroll lock´s e number lock´s.
Não existem regras para esse duelo, o que importa é vencer.
Sob essa máxima, ambos os grupos procuram meios e artefatos para vencer tal guerra.
Segundo a lenda, guerreiros poderosíssimos descansam em alguma parte do planeta, são eles, o obscuro delete e sua inigualável arma backspace, e o bondoso insert, com a ajuda de sua nação de gigantes secreta, caps lock. Antepassados contam que em póstumas batalhas, ambos causaram o primeiro control alt Del, e só então o planeta pode reiniciar sua órbita.

Enquanto parte do planeta foca-se nessa guerra, uma grande conspiração os envolve. O asqueroso esc, foi sempre muito fechado para o idealismo do planeta, e planeja despertar a força suprema: o Power off. E só a união de print screen e control V podem salvar o planeta.
Enter nesse mundo de aventuras. Dos mesmo criadores de “viagem ao centro do gabinete”, com vocês “Hard War”. Estrelando Kevin space.

Réquiem

Se persistires em teu sonho, ele torna-se realidade. Sonhos extinguem-se ao passo que se tornam reais, entretanto, paira sobre nossas cabeças a seguinte interrogativa: 'A realidade não e tão boa quanto nossos sonhos, mesmo se possamos torná-los reais?!'

Melhorias

Melhorias.
Um mundo melhor.
Um emprego melhor.
Uma família melhor.
Um tênis...uma vestimenta melhor.

MAIS! MAIS! MAIS!
Nunca é o suficiente.

O ser humano que sempre o seu melhor.
O ser humano quer ser o melhor.

Tolo egoísta.

Ocupa-se tanto com teu ego, que esqueces o quão contraditório é. Ao menos atentou-se ao fato maior, esse ritmo de vida é como uma cadeia alimentar.
Se queres sempre o melhor, terá de abdicar-se de tornar-se o melhor, do contrário, isolar-se-ia do mundo.

Não repudie o que lhe foi dado.
Não esqueça tuas raízes.

Buscamos constantes melhorias. Passamos por constantes melhorias. Um dia alcançaremos a perfeição, e por fim descobriremos que a perfeição está no imperfeito. Que menos, é mais. E que já somos felizes.

O Templo

Tive cuidado ao trancar a porta do carro que acabara de entrar. Quase que numa sincronia adquirida com muito treino, as chaves foram giradas a fim de partimos com o carro. O forte som do motor confirmou o que já era evidente: estávamos de saída.
O carro percorreu alguns centímetros, e ainda assim ganhou potencia suficiente para alcançarmos grande velocidade ao decorrer do nosso trajeto. Partimos com um impotente e calado algarismo, que em pouco tempo se transformara numa saudosa centena. Cento e dez cento e vinte... Os números só aumentavam, o que faria até mesmo um leigo entender a situação, evidentemente estávamos com pressa.
O clima era gélido, num dia cinza, e o tilintar das gotas da chuva cristalina, irrompendo em nosso pára-brisa me servia de distração enquanto não atingia meu destino. Dentro do carro, trocamos algumas poucas palavras. O suficiente para rirmos mais uma vez em família – já há algum tempo quem não nos reunimos para fazer coisas do tipo – e voltarmos nossa atenção ao trajeto.
Poucos foram os minutos que se passaram até alcançarmos nosso objetivo, mas por fim pude avistar logo acima do morro, um templo de grande porte, ornamentado e com suave, mas não menos imponente iluminação.
Redobrei o cuidado para fechar a porta do veículo - o modelo era nada mais, nada menos que um Volkswagen Gol ano 2009, tão vermelho quanto a cabeça de um pica-pau – e tão somente após certificar-me de que a porta não seria facilmente aberta, continuei rumo a meu destino, que estranhamente aparentava me esperar, e num sentimento recipucro, caminhei em direção ao templo.
É válido lembrar que, poucas pessoas me conhecem a fundo. Em partes ou por completo, ainda não sei ao certo, sou o grande culpado por isso, pois, o potencial de meu intelecto às vezes me assusta. Isso torna-se visível quando transmito diversas personalidades, sendo quase indistinguível qual delas é a verdadeira. Às vezes estranho ser apto a ocultar sentimentos, sou um completo estrategista e tudo faço para que nada fuja do meu roteiro. Em suma, tenho capacidade de ser o quê, ou quem quiser, o que dificulta saber ao certo quem sou, e o pouco que dizem sobre mim, é que sou um garoto temente ao mundo, envolto por uma espessa camada dum misto de medo e trauma, o que faz de mim inatingível por outro alguém. Talvez isso seja verdade, outrossim, gosto de explorar ao máximo a massa encefálica pertencente a mim. Sendo eu escravo de minha mente, torna-se evidente que a única brecha nesta minha defesa intranspassível é minha própria massa cinzenta. Mente sã e alma sã habitam um corpo são. Se minha mente padece, pereço igualmente.
Encontrava-me em pé, de cabeça erguida, contemplando a construção arquitetônica. Senti a mão de meu primo golpear levemente minhas costas com um tapa. Chegara a hora de adentrarmos o templo.
O momento seguinte tornou-me vulnerável. Ao subir as escadarias ali presentes, observei o modo fraternal como todos ao redor de mim se cumprimentavam, e diferente de mim, estavam isentos de falsidade, eram todos felizes por amarem uns aos outros. Não bastasse o choque por ter percebido que eu era a única ovelha desgarrada ali presente, subitamente me deparo com a figura de um senhor, prostrado ao último degrau da escadaria, era final, mais uma das ovelhas pastoreadas.
O sujeito possuía estatura mediana, cabelos semi-grisalhos e um óculos pouco chamativo. Bem vestido, trajava um terno de cor negra, o que destacava sua gravata dourada em meio a sua camisa branca. Seus sapatos bem engraxados lhe davam um quê de perfeccionista. Particularmente, não possuía muita beleza, era do tipo que não se destacaria na multidão, entretanto, não foram suas vestes que me chamaram a atenção, mas sim o sorriso que estampava em teu rosto.
Mal pude concluir minha observação, e o sujeito estendera seu braço direito à mim, natural que eu fizesse o mesmo, e ao fazê-lo, me ocorreu o que há muito adiava. Pude eu presenciar o amor fraternal e incondicional daquele senhor por mim, e nada fiz para merecê-lo, salvo o fato de sermos considerados irmãos em Cristo.
Ao tocar sua mão, senti que o sorriso que lhe estampava o rosto, agiu como um vírus. Transpassou minha até então inabalável defesa, percorreu por todo meu braço, alcançou meu peito e fincou-se em meu coração, conseqüentemente, um impulso me tomou o cérebro, e acabei estampando em minha face o mesmo sorriso que aquele senhor.
Não deixei transparecer, mas me mantive estático. Aquele senhor realizou o que por deveras vezes outros tentaram. Não só ruiu minha tão misteriosa defesa, como atingiu meu calcanhar de Aquiles, e mais do que isso, provou que ainda mais falho que minha mente, era meu coração. Por certo lembrei o que há muito havia me esquecido: meu coração era tão vívido quanto minha consciência.

O cheiro da solidão

Um estalo ecoou por todo aquele cômodo. O tal estampido foi o que me motivou a voltar a realidade. Estava eu ali, de pé, cabisbaixo, olhando o incessante fluxo de carros abaixo de mim. Minha cabeça moveu-se por todo o raio do cômodo, quase que inconscientemente, a procura de vestígios de quem eu fui, sou, ou era.
Ali ao centro, pode ser avistado um montante de cartas, sob as pilhas de jornais, algazarradamente distribuídos em minha mesa, e todo o conjunto embebedado pelo uísque que não me lembro de ter derrubado.
Manchas de diversos tamanhos e formas cobrem as paredes de meu apartamento. A umidade tomou não só minhas paredes, mas também meu apego pela residência.
O café ainda esfumaça. O cigarro encontra-se parcialmente consumido. Nesse momento, é quase possível enxergar a película transparente que divide minha vida de plástico, do mundo afora.
Ao fundo ouve-se o frígido som da TV chiando, por conta do cancelamento da programação por razões meramente financeiras. Percorro o curto espaço que possuo por entre essas quatro paredes, e quase me extasio ao ouvir o som das gotas de água colidirem com a superfície liquefeita sobre a pia, por conta das sujidades ali encontradas.
Acabo desabando em meu sofá, tão desbotado quanto o céu acinzentado sobre nossas cabeças, e escoro meu pescoço a procura de descanso, o ventilador de teto girava tão lentamente que podia pensar em diversas coisas antes mesmo de completar uma volta.
E foi exatamente embalado por esse ritmo isento de frenesi ou qualquer outra pressão à mim exercida, que pude pensar, repensar, lembrar e descobrir, o porquê de minha vida se resumir à tamanha simplicidade, enquanto a poucos metros de mim, encontra-se uma megalópole, tragando para si um ritmo desenfreado, repleto de dinâmicas que faltam em meu mundo, uma extensa selva de concreto, onde não se distingue homens, mulheres, crianças, armas, livros, veículos ou animais, a ameaça independe do que é feita, mas sim, da forma que agirá. Agora me recordo. Papel e caneta em minhas mãos poderiam ser armas letais, mas já não sou mais quem costumava ser.
Uma leve brisa penetra em meu apartamento, o que fez perceber que havia deixado a janela semi-aberta. A brisa trouxe consigo um pequeno anúncio de cigarros, que aterrizou ao lado do velho uísque. O contraste era único. Tive a impressão de que o destino aos poucos estava moldando meu novo eu. Ao atentar-me ao anúncio próximo ao uísque, pude por mais uma vez lembrar o quão podre era o mundo, onde drogas são facilmente comercializadas, um submundo repleto de impurezas e egoísmo. Costumava ser o tipo de pessoa que menosprezava tais coisas, e agora me encontro escorado ao sofá, a barba já cerrada, filosofando minha existência, enquanto observo em minha mesa os diabretes que tanto repudiava, apossarem de minha vida, como meus únicos amigos.

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Estonteante

E hoje percebi o quão fraco é um ser humano. Pude ver enfim a verdade sob a máscara de supermáquinas pensantes, pude compreender que nosso fim é eminente, e infelizmente entender que os meios, nem sempre justificam os fins.
Questões me torturam, atos me prejudicam, e só o que me resta é a fé, e a inabalável crença que tenho em Papai.
Interromper uma vida não me parece muito nobre, mas Papai sabe o que faz, como disse, os meios não justificam os fins, mas Papai consegue ver além do que meus olhos possam ver.
Não sou o tipo perfeito de pessoa, não sou tão honesto, nem tão bonito, tampouco o mais sábio. Pureza. Esta é a palavra, pureza é um adjetivo que já não possuo, e me entristeço ao saber que a pureza de uma nova vida fora interrompida de maneira tão eminente. Talvez seu eu tivesse me apegado mais, talvez se eu tivesse exigido mais de mim, talvez se eu fosse mais puro...poderia eu mudar o rumo das coisas?! Não creio que seja tão capaz assim, Papai certamente não quis este feito, mas conhecendo-o da maneira que o conheço, certamente escreverá mais uma vez certo por linhas tortas.
Sempre acreditei que a palavra tem o poder. A palavra de Deus mudou minha vida. Sem a palavra, não me comunicaria rotineiramente. E por mais uma vez, acreditando no poder que possui a palavra, quero que escute de onde estiver ó pequeno, que te amo mesmo antes de você ter aterrisado nesse mundo podre que te esperava meu anjinho, espero que saiba que Papai te dará todo o conforto e o consolo que precisar, e se serve de consolo, este mundo esta um caos mesmo, talvez Papai tenha feito isso para seu próprio bem, ó meu amado puritano, não pude ver tua face, nem te acariciar, e nem ao menos poderei presenciar o dia em que você correria até a mim e me chamaria de Tio...Mas o invejo por estar ao lado de Papai neste momento, recebendo todo o carinho, e aguardando a infinidade de bençãos que já lhe foi preparada, não se entristeça, com o meu poder da palavra confortarei tua família, e me confortarei em saber que Papai o protege, pequeno amado, tú não me conhece, mas espero que me escute ai do Paraíso, por você eu juro dar mais valor a minha vida, farei jus a minha permanência neste fétido terreno, e aquecerei mais uma vez meu gélido coração. Existem males que vem para o bem, alguns males podem te destruir, mas se Deus for por nós, a extinção será nula. Bom dia, boa tarde e boa noite meu anjinho, um dia poderemos nos ver, e espero que neste dia, você possa correr até minhas pernas, me abraçar bem forte e me chamar de Tio, com a pureza de uma criança que não conheceu a selvageria humana, e eu poderei lhe dizer, com o ardor no peito e com entonação daquele selvagem que aprendeu a ser humano por ti: EU TE AMO! Amado, descanse em paz, Papai zela por ti, e daqui deste plano astral, não descansarei para que tua família tenha o conforto necessário, tú ja fez o seu sacrificio, agora é minha vez! :'(