terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Verdades sobre mim #2

Não optei por nascer,
mas foi enquanto nascido,
que acabei optando por viver,
e decidi isso envolto pela barra de seu vestido.

Hoje, estas horas que passamos calados,
em nada assemelham-se à outrora,
que a exasperava te deixando em maus bocados,
a sujando, ou berrando em seu ouvido de hora em hora.

Tão inerente quanto infinito,
assim posso definir o meu amor por ti, sim,
e mesmo que calado - ou estressado - tenho dito,
te quero sempre, já que o sempre não tem fim.

Perdão, se como filho sou ótimo ausente,
todavia, os beijos em sua testa já enrugadinha,
é recíproco naquele seu abraço quente,
tão indispensável pra mim és, mãezinha.

Eu me pego memorando meias sujas de lama,
e as chineladas que sempre me prometeu,
a maneira como ainda hoje prepara minha cama,
e as lições de moral para este filho seu.

Assim de longe a admiro,
e egoistamente não pronuncio meu amor,
mas com medo que ele me escape por um tiro,
escrevo estes versos para me ilibar da dor.

Não optei por nascer,
entretanto tardiamente escolhi naquela barra de vestido,
que prefiro do seu lado viver,
à nunca ter nascido.

(...)

Eu te amo mãe.

Sônia Pereira da Silva Rodrigues ♥

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Verdades sobre mim #1

Chegara, e de sopetão me deixara atordoado,
tornando-me tão desejoso quanto envergonhado,
como se por um cupido, havia sido apunhalado,
e feito num feitiço, a curiosidade houvesse me aguçado.

Fora evidente este ofício do acaso,
que pontual, dispensou o atraso,
fez florescer as flores em meu vaso,
e deu-me a mulher, com quem eu me caso.

É tão intensa quanto um lampejo,
e não adianta onde está, pois em tudo eu a vejo,
sabe que de fato, não ter nada além de ti é o que almejo,
pois é a maneira como a amo, voraz feito um desejo.

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Parabéns Karina

Se não pelos dias já riscados em calendários passados, é pela intensidade de nossa amizade é que percebemos que, de repente, um dia virou cinco anos. Alegrias repartidas e intimidades segredadas fazem de nós mais do que meros amigos, e tu sabes tanto quanto eu, que nossa amizade sempre foi de fato anormal. Anormal mesmo é a maneira em que quasiperpetuamos esse nosso laço, tão nosso quanto o mundo que um dia sonhamos juntos desbravá-lo.
Dezessete primaveras duma maneira singular, e outras cinco com minha excentricidade ao seu favor. De maneira alguma reclamo que o tempo e/ou acaso mova-se de maneira injusta, e parafraseando Renato Russo, afirmo que agimos certo sem querer, foi só o tempo que errou. Se não pude atravessar a limitação da linha tempôrea para que pudessemos soprar por dezessete vezes juntos essas velas, não foi por falta de tentativas, outrossim, estando longe de ti em mais um aniversário seu, percebo que sou de fato hipócrita, e não nego, entretanto acima de tudo, julgo-te minha irmã, que não nascera do ventre de minha mãe, mas que brotou em meu coração.
Parabéns Karina, por ser mais do que a pedem, por ser uma vencedora num mundo perdido, e por ser minha familia ainda que nossos sangues não possuam a mesma linhagem sanguínea. De fato, sempre vou lembrar de ti, por quantas forem as primaveras que hão de vir, muito embora quero que saibas que, mesmo distante assim, orgulho-me de ti metade.