terça-feira, 24 de agosto de 2010

19

Confesso que ao longo desta semana ensaiei os mais diversos diálogos à fim de presentear-me com o mais belo dos textos já feito por mim, todavia, como de praxe joguei toda aquela prosa artificial aos quatro ventos, e decidi por fim descrever unicamente o que verdadeiramente sinto - e vejo.
Hoje completo dezenove anos, e para quem não acredita que dezenove anos seja um bocado de tempo, basta tentar contar quantos sorrisos foram abertos em todo este tempo, e verão quão dificultosa é esta tarefa. Em dezenove anos eu pude aprender que o tempo é mais do que meros ponteiros circulando uniformemente - mesmo que no contraponto, o tempo na realidade é muito menos do que um suspiro que soltamos em horas inoportunas. O tempo é uma unidade de medida, diretamente ligada à intensidade dos momentos. Precisamos de apenas cinco segundos para nós acabarmos com dezenove anos de nossas vidas, e não menos importante, basta apenas um segundo para que nós possamos descobrir o quão alguém é especial para nós.
Em dezenove anos, errei tamanhos erros, que dezenove anos de nada me servirão, salvo para remoer-me escorado em minha poltrona. Em dezenove anos, bastaram apenas alguns segundos para que eu pudesse descobrir pessoas valorosas. Em dezenove anos,deveras vezes, um único segundo foi suficiente para me separar de quem tanto já quis por perto.
Enquanto ensaiava meus dizeres, tomei tento para não tornar-me prolixo, e como em tantos outros textos, iniciar alguma estrofe de queixas à respeito de como em dezenove anos não possuo nenhum grande feito para orgulhar-me, ou mesmo lacrimejar versículos em que a ausência da mulher amada me doesse tanto quanto uma dor fantasma, isto sem citar acontecimentos como a precoce responsabilidade financeira-residencial, e o estresse contundente, entretanto, o que seria de meus textos se não houvesse a inerente melancolia?
Dezenove primaveras sem festejos. Dezenove calendários sem nenhum grande marco. Dezenove carnavais sem mimos. Dezenove, que mais me parecem trinta e cinco.
Levei dezenove anos para entender o porque algumas poucas pessoas me parabenizam na data de meu aniversário. Hoje posso entender que quando dizem "parabéns", é porque valorizam o meu esforço em lutar dia após dia, e ainda assim conseguir sorrir. Levei dezenove anos para entender que eu também posso me parabenizar.
Tudo bem que minha mãe precisa de um lembrete para me jurar bons votos, tudo bem que menos de um quinto dos meus amigos lembraram que dia é hoje, e tudo bem que minha rotina não tenha sido quebrada denovo, afinal de contas, já estou crescido para acreditar que ainda existam motivos para se festejar.
A verdade é que por dezoito anos as coisas sempre foram da mesma maneira, e errei ao pensar que ao meu décimo nono ano de vida alguma coisa mudaria, outrossim peço que não me venham com todo aquele discurso sobre a existência de tantas outras pessoas em situações piores do que a minha, pois se não pararam para pensar, tenho prazer em lhes informar que não sou do tipo que sente-se melhor ao ver alguém definhar, esqueçam tais comentários, e isto servirá à mim como presente, mesmo porque, analisar pontos ainda mais negativos que o seu, não torna sua realidade melhor.
Num grande resumo de minha vida, conheci digníssimas pessoas, e também perdi valorosas companhias, errei, acertei, chorei e até mesmo praguejei, todavia que fique registrado que, ano após ano, sob o silêncio dos amnésicos de plantão, silenciosamente dou-me os mais sinceros parabéns, pois sei que não é nada fácil viver como vivo.

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