segunda-feira, 28 de junho de 2010

Sina

Agora estou confuso, não sei se no momento me recordo de fatos passados, ou se presencio uma nova cena idêntica a anterior.
Primeiro a ausência, e então a tristeza vem para jantar. O tempo tarda a passar, ainda assim, esvai-se. As estações mudam, os cheiros mudam, e a gente acaba mudando. As horas e os dias começam a parecer os mesmos dias de antes, entretanto sabemos que não são, muito embora no amanhã hão de tornarem-se passado. São tantas as folhas secas que vemos em nossa frente, e tantos os abismos que temos de sobrepujar, que se torna quase inevitável encontrar alguém que lhe transmita uma paz melhor do que a sua atual, que lhe entregue uma felicidade mais sorridente do que a de um arlequim apaixonado.
E é exatamente este o ponto crucial deste cotidiano infortúnio. Conheço pessoas, e em cada uma delas que conheço me faço a mesma pergunta...na verdade quase me faço uma afirmação: É ela!?
Não sabemos e nem nunca iremos saber quem exatamente mudará nosso viver, quem será aquele que te abraçará quando o inferno congelar, e que te secará as lágrimas quando seu melhor amigo partir para um horizonte mais denso e espirituoso que este. Esta é minha tormenta, e esta é minha motivação.
Eu vejo pessoas partirem, e chegarem a cada instante, feito o Sol que se põe para que a Lua se ergua. Me sinto uma rodoviária, porém sofro a desdita sensação de carregar em mim cada semblante daquele que chega e que parte. Eu me lembro. Eu sinto, e muito.
Não entendo como se tornou rotina, como se tornou um eterno déjavu. Eu presencio ausência, então sou encoberto pela tristeza, os dias partem, outros dias chegam, e um alguém especial acaba chegando. Me sinto feliz, e me pergunto, e me afirmo, que esta será a pessoa que mudará a minha vida. Eu me engano, e sou deixado mais uma vez, abrem a mão de mim antes mesmo de terem-me. Acabo presenciando a ausência, e então sou encoberto pela tristeza. Dias chegam, dias vão, bem como as pessoas que passam por essa rodoviária de carne e ossos, e coração.
É estranho pensar assim, mas talvez no fim, tudo isto seja a tal sina de quem tanto falam, a qual eu sempre abri mão de acreditar, entretanto nunca deixei de vivê-la.

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