quarta-feira, 16 de junho de 2010

Você

O ser humano é um cádaver adiado. Um vivente odiado. Um amante solitário.
Estas recordações que me vem à tona, são tão inoportunas quanto antigas, e tão vivas quanto estou. Não sei ao certo em que instante me perdi, entretanto sei que me perdi ao te encontrar. Só não sei quem é você. Não sei quem sou eu.
Pensando bem, um dia eu soube quem fomos nós. Um dia soube quem foi você, e de fato eu era você dentro de mim. O tempo passa, o tempo passou, e hoje já não sou mais quem eu costumava ser, e isto dá-se ao fato de tu também ultrapassar as qualidades que outrora lhe compunha.
Acho que essas ruas desertas acabam falando muito mais de mim, muito mais comigo, e com toda essa garoa no rosto já não sei mais te dizer se choro, ou se quero chorar. Tu mudou. Eu mudei. As ruas continuam as mesmas. Me lembro que passamos por essas ruas, e enquanto caminho nestas ruas, eu me lembro de tudo e volto a ser o mesmo, ainda que por alguns instantes. Isto é bom, pois somente assim sei que hoje estou muito melhor, com todo este novo eu, e tendo a certeza de que antiga e atualmente você já não me merece, nem me completa e tampouco me satisfaz.
Credito ao tempo toda essa melhoria, toda essa perspectiva de vida, e toda essa tremedeira em minha perna cada vez que lembro de nossos momentos. Te odeio, e te amo. Te quero, e já nem mais preciso de ti. Estranho mesmo são essas indecisões que me socam o peito quando tu me invade a cabeça, todavia, naquelas ruas, quando volto a ser o meu velho eu, acabo percebendo que não há o que se decidir, mas há muito para se viver.
Um dia hei de sucumbir a falência de minha carne, e saiba tu que morrerei te amando, te odiando, e me perguntando em quem você acabou se tornando sem mim, já que eu sem você nada fui, e só o tempo pode me renascer e me fortalecer, como um feto protegido, como fênix vistosa.

Um comentário:

  1. Se isso for verdadeiro vc precisa de uma mina urgente! POKASDPOKASDOPKASDPKOPASDKOPKASDOPKSD

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