sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Carnaval

Um turbilhão de idéias, uma algazarra suficientemente confusa para que nada se saiba a respeito de seu fim, e mais do que isso, nada se saiba sobre o seu meio.
Um rio de sequidão que escorre por uma face alva, por uns dita linda, por outros dita horrenda, e por outros nada dita.
A lágrima seca, invisível, e quase imperceptível. O poeta que escreve miríades versões de um mesmo tema.
Não há como negar, a indiferença alheia é o que me diferencia. O desejo de estar com alguém que se distancia o suficiente para que tênis solados não possa alcançá-la, e a única propulsão capaz de me levar estrada afora, é o combustível humano mais valorizado, mais batalhado, menos dividido, mais imundo e artificial existente, o capital, o dinheiro, é sempre o dinheiro que move montanhas, não por conta de seu poder - que é inexistente - mas sim por conta do mito que geramos em torno dele.
Qual a razão para pular um carnaval que não valorizo, ouvir canções que nada despertam além de culto a corpos, o eterno desejo de se estar com um alguém que nunca tenha estado antes, mas mesmo assim, desejar vorazmente o encontro de suas peles, o suspiro na madrugada, a volúpia predominante, a valorização da atividade humana mais pensada e praticada, a sexualidade.
Para que simular felicidade por estar num local que ninguém se importaria se você não estivesse, para que deixar se levar pelo desejo carnal, se o que realmente importa é ideologia que nos constrói, para que decairmos e nos tornarmos meros mortais indiferentes, todos unidos por um desejo em comum, expor os demônios que escondem durantes todo os outros onze meses.
Para que contentar-se somente com o que se tem, se o melhor ainda está por vir.
Para que fingir que está apaixonado,se há tempos meu coração não inflama como outrora.
Para que negar que desejo Yolanda ao meu lado, se é o que realmente quero.

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