terça-feira, 3 de novembro de 2009

Carpe Diem

As manchas escuras abaixo dos olhos confirmavam o cansaço. Por deveras vezes, repousava demasiadamente mal, e o sono que acumulara agia quase como o sal age em uma lesma. Definitivamente era do tipo que por mais que achasse gostoso e confortante um longo repouso, extasiava-se bem mais farreando com os amigos. Suas olheiras não podiam negar.
Era um domingo. Não, na verdade era uma segunda-feira, todavia tinha cara de domingo. O sol nos proporcionava um intenso calor, junto de seu radiante brilho, que parecia ter o poder de dar mais vida à tudo que iluminasse. Os pássaros cantantes numa manhã dessas reforçariam o quê dominical daquela segunda-feira. Sempre imaginara os domingos desta maneira, sempre muito ensolarado, com plena harmonia entre a natureza e os seres viventes nela residentes, os pássaros sempre muito felizes cantando em agradecimento á Deus por presenciarem mais um dia daqueles. De fato, era uma segunda-feira, mas o sorriso que lhe invadira a face era dominical. Infelizmente não havia pássaros cantando na selva de concreto, e tudo que lhe sobrou foi cantar no lugar deles.
Por mais uma vez, trocara seu pouquissimo tempo de repouso pelos festejos que poderia proporcionar naquele dia. As olheiras eram sim evidentes, mas a tua felicidade mais ainda. Por mais que não soubesse o porquê, estava ansioso para desfrutar daquela manhã linda que lhe foi proporcionada.
Calçou os sapatos, vestiu suas roupas, e caminhou firmemente como um herói destemido caminha em direção ao seu malévolo oponente. Os pés latejavam,a boca secara, a face molhara, entretanto, o sorriso ainda lhe estampava o rosto. Era tudo tão bonito. Tão singular. A segunda-feira dominical tardava a acabar, mas pouco lhe importava isso, um dia desses deve ser usufruido isento de preocupações, além do mais, ele a encontraria esta tarde. Era tudo tão único, tão belo, que a única duvida que lhe pairava a cabeça,era qual palavra usaria para classificar um dia tão especial como esse. Mal pode reordenar os pensamentos, e os desorganizou novamente quando pode ver, andando ali, como quem não tivesse mais nenhum porque de estar ali senão apenas sorrir e curtir o dia, a tão esperada causa de tamanho sorriso. E tudo correu como o esperado, e isso significa exatamente o oposto. Não se confunda, estes dois são assim mesmo, e digo com plena convicção que a presença destes dois são tão espalhafatosas e imprevisíveis, que mesmo que planejassem algo, fariam exatamente o oposto. Então fizeram o quem sabem fazer melhor, simplesmente improvisar e curtir o dia.
O sorriso que antes estampava somente o teu rosto, contagiava a face do motivo de teu sorriso. Novamente o fiz, digo, sempre acontece, estes dois são tão confusos que acabo confundindo o uso das palavras para descrevê-los. Alias, o motivo pelo qual sorrira incessantemente tinha um nome, mal possuía altura, porém possuía um belo sorriso, e alegria contagiante, e indubitavelmente possuia um nome, e seu nome era Rebeca. Se outrora o dia já era ímpar, tornou-se uma amálgama etérea indescritível. As piadas. Os sorrisos. A palpitação do coração. Os tombos. Os vergões. A inquietude do coração. As fotos. As lembranças. A incessante palpitação. O céu anteriormente azul celeste, tornou num negro irrompido pelas ofuscantes luminárias, e mesmo que nesta noite não fosse possível contar muitas estrelas ao céu, tornara-se quase impossível determinar quantas pessoas ali estavam. Milhares, na realidade mais do que isso, eram milhões de pessoas que os cercavam, mas apenas uma pessoa lhe importava, e ela estava à sua frente. Às vezes, ao seu lado, e tantas outras às suas costas. E numa dessas ocasiões, a incessante palpitação de seu coração irrompeu-se por um singelo ato. Definitivamente não era um abraço, entretanto não menos importante, sentiu um queixo repousar aos ombros. Nunca estiveram tão próximos assim. O coração que antes palpitava desvairadamente, tornou num ritmo inerte. Os Gritos. A música. O tempo. O maldito tempo. A notória presença de Papai por toda a parte. O coração inerte. O infortúnio tempo que se esvai. O ininterrupto sorriso em sua face. O tempo não cessou, mas agiu como senão houvesse decorrido um segundo sequer. As luzes cessaram. A negritude do céu destacou-se. Milhões de pessoas marcharam. O coração torna a palpitar, porém um ritmo temente. Novamente a separação é inevitável. Os minutos seguintes decorreram lenta e amargamente. A idéia de não encontrar Rebeca ao acordar era pavorosa, porém real. Dentre trancos e barrancos, indas e vindas, quase encontrava-se submerso em tais pensamentos, e mal percebeu quando Rebeca lhe envolveu com teus braços. O sorriso prolongado. O coração frenético. O amor. E com um beijo em sua testa, a despedida foi selada, porém, apesar de triste, encontrava-se tranquilo, Deus a colocou em teu caminho, e não tirará tão cedo. As costas foram dadas, e pouco se sabe dos propósitos de Deus, mas segue confiante. A espera. O cupido. A obra de Deus. Quem ama, espera.

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